A sensação de organizar meus pensamentos através dos textos digitais é incrível. Depois do esforço e da entrega, o desenho das letras me ajuda a imaginar a proporção com a qual as frases podem adentrar na estrutura de propagação da informação. A letra que já é grande na tela pode ser muito, mas muito maior se for impressa no papel (e os vetores terão um cuidado especial para conservar a resolução da imagem digital). Atravessa as minhas fronteiras interiores para sair e negocia espaços no ar, vai flutuando de página em página. Torno-me cada vez mais poliglota, admitindo meus novos idiomas. É muito curioso olhar as mensagens que eu trocava há alguns anos atrás. É como se eu pudesse criar, aos poucos, a minha própria biblioteca de Babel. Deixar o enunciado solto, empacotado sutilmente pela ciência mas acessível (é problemático falar assim mas é meu sonho que isso seja, de fato, desse jeito), parece uma tentativa de imitar a natureza com essa projeção astral onipresente, sobretudo nos momentos em que se fala de partes daquilo que você fez: você, então, tem a opção de mostrar o seu ponto com poucas ferramentas palpáveis, a partir da sua explanação, munido com as suas mãos e os seus acessórios, suas roupas e as palavras digitais.