Certos espelhos ressignificam as imagens que emolduram as suas margens. Quando, por exemplo, provocam descobertas no olhar de alguém que investiga a imagem da paisagem mostrada novamente dentro do seu panorama. As paisagens transformam-se diariamente e, às vezes, é o espelho que permite ao seu usuário um melhor entendimento do mundo que está ao seu redor. Estático ou mutante? Seres humanos e espelhos são elementos transformadores da vida, que está em constante mutação. Enquanto outros espelhos querem apenas refulgir e viver só da textura que se vê do lado de dentro. A nossa interação física na superfície de um espelho torna visível um dos índices mais versáteis que o corpo humano pode produzir: a condensação da água que há em nós na forma de digitais e marcas de respiração é o orvalho que, uma vez depositado, marca, entre outras coisas, a curiosidade de tocar a si mesmo, de se ver minuciosamente de perto, de se ver na perspectiva do outro, uma pausa conveniente para repousar ali e descansar as energias. Identificar-se é ver-se para além da casca, adentro e afora.