O espelho reproduz índices? Ícones? Revelar uma imagem: velá-la novamente. Ver-se em um espelho requer alguma proximidade física para com este, estar à sua periferia visual constantemente. Acontecem tantas coisas na superfície de um espelho. Os espelhos refletem, sobretudo, a si mesmos na paisagem. Tornam-se subordinados a uma certa relação de causalidade e iminência com o que compõe o seu entorno. Alguns espelhos são mais ativos na hora de rebater as imagens, a exemplo de quando eles possuem rugosidades em suas superfícies. A textura do espelho está contida em uma de suas vocações físicas e que pode sujeitá-la — a textura — à situação de tão somente uma paisagem refletida por ele. Isso silencia a sua dicção frente às demais questões do espelho, mas é importante atentar-se para a sua presença no espaço e a sua habilidade reflexiva, impregnada de problemas gráficos. Percebe-se que o espelho carece de uma intimidade com a existência, por agenciar as formas de tudo ao seu redor, submetendo-se a uma espécie de vazio. A vontade de remover certos contornos que zelam por algum tipo de singularidade pode causar o esvaziamento que é válido a fim de dar-se conta da quantidade de camadas de entendimento subjugadas na semântica das coisas. Enquanto a responsabilidade, a habilidade de responder a alguma ação, acumula um esquema de funções fadado a vacilar, os espelhos rebatem também os poderes e os encargos atribuídos à função das palavras. Faz sentido que introduzam-se vazios nas palavras, alargá-las e decalcar delas muitas coisas que foram adicionadas para nos fazer crer que víamos tudo.